
Em 2005, o Serviço de Saúde Pública dos Estados Unidos foi informado de um equívoco no tratamento de pacientes que eram atendidos em uma clínica gratuita para gays e lésbicas de Nova Iorque. Durante o período de 1999 a 2004, pacientes com diagnóstico de sífilis tinham recebido uma medicamento composto de dois tipos de penicilina: do tipo benzatina e do tipo procaína em partes iguais. Na verdade, o que se recomenda, para esta doença é o dobro da dose da penicilina benzatina que havia no produto dispensado, sem a presença da penicilina procaína. Os dois produtos se pareciam muito. O nome comercial do produto indicado é Bicillin A-P . Um fato chocante é que a bula do produto administrado (Bicillin C-R) dizia que ele não era indicado para tratar sífilis mas sim para pneumonias e infecções de garganta. Demorou
cinco anos para alguém ler a bula e dar o alarme. A falta de percepção do erro foi facilitada porque a soma das duas formas de penicilina tinha ação razoável sobre a doença, curando muitas pessoas. No entanto, alguns casos evoluíram para consequências neurológicas gravíssimas. Esta evolução é lenta, não causou alarme na equipe da saúde pois as complicações também podem ocorrer, em menor número, quando se instala o tratamento ideal, com a penicilina benzatina na dose correta. Após este episódio muito doloroso, envolvendo quase 500 pessoas atendidas, os produtores, em colaboração com as autoridades da saúde, fizeram mudanças na apresentação dos produtos no sentido de facilitar a diferenciação. Os conhecimentos adquiridos sobre os medicamentos depois que eles entram no mercado fazem parte da chamada “farmacovigilância”. Certas reações indesejáveis sérias, porém mais raras, só são detectadas após a aprovação da venda e consumo pela população. Por exemplo, uma primeira vacina contra o rotavírus em raras crianças causava a intussuscepção intestinal, que é uma espécie de inchaço e entupimento dos intestinos, e foi retirada do mercado nos Estados Unidos.
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