sábado, 24 de outubro de 2015

Decisão equivocada sobre a fosfoetanolamina

O Supremo Tribunal Federal obrigou a USP a fornecer fosfoetanolamina aos pacientes que a solicitarem mas esta orientação é polêmica. Provavelmente o juiz não se apoiou em opiniões de profissionais do ramo.
Nestes mais de 50 anos de exercício de prática médica, já vi muitas “ondas” terapêuticas. Todas passaram porque lhes faltava base real. Esta também vai passar e não deixar saudades. São três as razões.
1.    Nenhuma ação terapêutica tem eficácia curativa contra TODOS os tipos de câncer. Tumores resultam de multiplicação celular anormal mas as células diferem muito entre si como também existem diferentes formas de danificar estas células. É um sonho acreditar que haverá apenas um agente capaz de curar ou aliviar todos os tipos de neoplasia maligna.
2.    Cada medicamento contra câncer atua em uma ou mais fases do processo de multiplicação celular. Mas estas fases também ocorrem em células normais. Por isso, estes agentes terapêuticos sempre apresentam efeitos adversos significativos, que precisam ser bem conhecidos e ponderados em combinação com a esperança de resultados favoráveis.
3.     Nossa imunidade nos ajuda a eliminar a maioria das células anormais que poderiam causar câncer porque os mecanismos de proteção reconhecem e eliminam aquelas que podem iniciar um distúrbio maligno. Ampliar os mecanismos imunitários indistintamente é outra aspiração fantasiosa e qualquer tentativa neste sentido precisa ser estudada com muito critério, sob risco de complicações muito graves.
Por enquanto, as autoridades sanitárias poderiam formar um grupo de estudo capaz de propor um protocolo para cumprir as etapas de pesquisa, tanto em animais como em seres humanos. Pela sua complexidade e necessidade de observar diversos requisitos, não se pode pensar em um processo rápido como alguns sugerem. Também não se faz isto sem um amplo investimento para pagar profissionais, utilizar espaços de estudo e atendimento como também comprar diferentes tipos de equipamentos. Pode parecer um trajeto longo, caro e penoso mas não existem atalhos.      

        

domingo, 4 de outubro de 2015

Preste mais atenção às sombras e ensine isto às crianças

Uma atividade interessante para ensinar crianças é acompanhar o tamanho das sombras no decorrer do ano. De início, talvez você nem acredite mas, no final de junho, mesmo ao meio dia, a sombra é maior do que o objeto, pode conferir. Isto ocorre porque o astro rei está ao norte, sobre o Trópico de Câncer. Seus raios chegam aqui inclinados e não verticalmente. Ao dar palestra no Colégio Santo Ivo, com ajuda de um globo terrestre e de uma luminária (para simular o sol), procurei valorizar a observação da natureza como forma de obter conhecimentos, sem necessidade de ferramentas complexas ou caras. A criançada parece ter gostado muito. Com o globo, mostrei que o eixo de rotação é inclinado em relação ao plano definido pela translação da terra. Como esta inclinação se mantém, um dos hemisférios é mais iluminado numa ocasião e, seis meses depois, o outro hemisfério recebe mais luz. Com uma régua ou trena, as crianças poderão observar e medir o tamanho da sombra de um objeto. Na cidade de São Paulo, no final de junho, às 12 horas, embora o sol pareça ter chegado ao ponto mais alto do céu, haverá uma sombra grande. Coisa diferente ocorre no final de dezembro, ao meio dia, quando o sol fica perpendicular à superfície, ou “a pino”, definindo a linha do Trópico de Capricórnio. A sombra é zero. Pode-se dizer que o sol “passeia” (é a terra que se move) entre os dois trópicos. Também devemos atentar para a posição das “orelhas de pau” que são fungos que crescem quase somente na face sul das árvores, onde o sol nunca chega (em nossa região).  Com base nestes conhecimentos, simulei o posicionamento de uma casa. Se as janelas do quarto se voltam para face norte receberão mais sol e isto é bom, principalmente, se a criança tem rinite ou bronquite, pois o sol elimina ou reduz a proliferação de ácaros e fungos. Mostrei que a face leste também é boa porque toma o sol na manhã e o cômodo fica mais fresco à tarde. Em nossa cidade, face sul é a pior porque nunca receberá luz direta do sol mas apenas a indireta. Também falei da necessidade da radiação solar para a fabricação de vitamina D na pele, para estabelecer o ritmo circadiano (cerca de um dia) e outras funções. Disse que o excesso de sol pode se relacionar com queimadura, envelhecimento e câncer.

NB: evento de 21 deste vai esclarecer importância do sol na saúde e como forma de economizar na conta de luz. Veja nota abaixo

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Evento explica vantagens, riscos e uso prático da energia solar

Brasil é o maior país cuja área fica entre os trópicos, todos os outros de grande extensão ficam “acima” ou “abaixo” dos trópicos. Nenhum outro país recebe tanta luz solar. Mas ainda existe um desperdício da luz solar como fonte de energia.
Crianças deveriam aprender mais sobre o sol. Por exemplo, observando as sombras no decorrer do ano. Em São Paulo, cuja área está cortada pelo trópico de Capricórnio, mesmo ao meio dia, no final de junho, as sombras são maiores do que os objetos.  No final de dezembro, ao contrário, as sombras ao meio dia chegam ao zero (sol a pino). Outro exemplo: fungos das árvores (orelhas de pau) estão sempre na face sul dos troncos velhos.
A econômica energia fotovoltaica (derivada da luz solar e que não se restringe ao aquecimento de água) é muito interessante e só deve crescer em nosso país.
Venha conhecer melhor todas estas questões no evento abaixo.

Aspectos médicos e econômicos
 relacionados à luz solar

Data: 21 de outubro de 2015 (4ª feira)
Local: auditório do IE Santo Ivo. Pça Dr. José Getúlio de Lima, 26- Lapa. São Paulo
Mediadora: Profa Hidely Lopes dos Santos
Inscrições gratuitas

 PROGRAMA

19h30 as 20hs, no hall do auditório: recepção
20h as 20h20: “Luz solar: benefícios para a saúde
  • Paulo Aligieri  
Médico Pediatra           

20h20 as 20h40: “Luz solar: riscos para a saúde
  • Patrícia Coutinho Pertel  
Médica Dermatologista  

20h40 as 21h: Uso prático e vantagens da energia fotovoltaica”
  • Renato Fogagnoli
Engenheiro elétrico

21h as 21h30: aberto a perguntas
Sorteio entre os presentes:
- Livros infantis “A semente da felicidade” Autor: Francisco Ferreira (3 exemplares)
- Casinha pink – Brinquedo oferecido por Tró-Ló-Ló Brinquedos
- Outros livros infantis
Inscrições gratuitas:
- pelo telefone (11) 3831-3542
- enviando nome e telefone para o email p.aligieri@uol.com.br


terça-feira, 8 de setembro de 2015

A cólica de sexta-feira


A consulta aconteceu numa tarde de sexta-feira. O menino tinha perto de cinco anos de idade e a mãe informava que ele sentia cólicas abdominais fortes com alguns vômitos, há cerca de duas horas. Não tinha outras queixas importantes nem constatei qualquer alteração no exame físico. Foi medicado com medicamentos antiespasmódicos e melhorou. Não soube mais da criança até a sexta-feira seguinte, quando a mãe voltou pois, há poucas horas, apresentava quadro semelhante ao anterior. O exame físico também não ajudou, como ocorreu na consulta anterior. Outra semelhança é que a criança, na sexta a noite, iria ficar com pai, que tinha se separado mãe. Entrando em detalhes sobre esta questão, percebi que a jovem mãe ainda sentia muita mágoa, desconfiança e ressentimento contra o ex-marido e não fazia questão de esconder tais sentimentos negativos. Em sua opinião, o ex-marido não sabia alimentar corretamente a criança e nem como cuidar dela. Talvez, de forma inconsciente, pretendia colocar a criança também contra o pai. E isto deixava o garoto muito inseguro na hora de ficar com ele, longe da mãe, durante o final de semana, como tinha sido estipulado pelo juiz. O diagnóstico era dor abdominal psico-funcional.
A dor abdominal psico-funcional é uma condição bem conhecida dos pediatras. Surge em crianças predispostas, geralmente em idade escolar ou pré-escolar. A crise de dor aparece em fases de ansiedade, por exemplo, antes de provas, audições ou mudanças. Podem preceder até eventos muito aguardados pela criança, como a sofreguidão anterior às viagens ou visitas de pessoas queridas. A dor quase sempre se localiza na região ao redor do umbigo, sem irradiação e os vômitos não são raros. O exame físico é praticamente normal, permitindo que o médico exclua uma enfermidade aguda de caráter grave, tipo apendicite. Antecedentes de dor abdominal ou doença gastroduodenal em pessoas da família são comuns.

No caso acima descrito, o encontro com o pai trazia muita apreensão ao menino pois gostava dele mas estranhava sua nova companheira e tinha medo dela. Mas o pior era a insegurança, transmitida pela mãe, quanto à capacidade do pai para cuidar dele.

NB: 
Aos meus clientes: houve alteração no meu contrato com o estacionamento, se marcar consulta, informe-se sobre as mudanças. :

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Decidiu viajar? Prevenção de problemas da saúde tem que ser agora


Quem pretende viajar, seja a negócio, turismo ou religião, não deve esquecer a prevenção de problemas com a saúde. A antecedência é indispensável porque eventuais vacinas a serem usadas só geram proteção após um período que varia de dias até meses (se forem indicadas duas ou mais doses). Se vai ao exterior, consulte site da OMS http://www.who.int/ith/en/. Lá há conselhos conforme cada país a ser visitado além de outras informações. Por exemplo, veja detalhes sobre a síndrome respiratória do Oriente Médio causadas por um coronavírus, que parece ter pulado dos camelos para a espécie humana.
No site da Anvisa, na secção de portos, aeroportos e fronteiras, há normas gerais excelentes, valiosas até para quem não vai sair do bairro. Visite http://www.anvisa.gov.br/viajante/
Veja as recomendações no item alimentação.
• Evite adicionar gelo nas bebidas; • Assegure-se que o alimento esteja bem cozido, frito ou assado; • Fique atento à temperatura dos alimentos expostos para venda. Alimentos perecíveis devem ser mantidos em baixa temperatura (abaixo de 5° C) e os quentes bem aquecidos (acima 60 °C); • Evite o consumo de frutos do mar crus; Moluscos e crustáceos podem conter toxinas que permanecem ativas mesmo após a cocção; • Não consuma leite nem seus derivados crus; • Não consuma preparações culinárias que contenham ovos crus; • Frutas e verduras que possam ser descascadas e cujas cascas estejam íntegras, podem ser consumidas cruas; • Quando for consumir alimentos exóticos, seja prudente e não exagere; • Evite o consumo de alimentos vendidos por ambulantes; • Alimentos embalados devem conter no rótulo a identificação do produtor, data de validade e a embalagem deve estar íntegra.


terça-feira, 11 de agosto de 2015

Neymar tem caxumba. Você já tomou 2 doses da vacina?

Se você nunca teve caxumba, precisa de duas doses da vacina (com intervalo mínimo de três meses) para se proteger. Ela está sempre associada a duas outras vacinas: rubéola e sarampo. Ou mais três quando também se inclui o componente para proteção contra varicela. Na década de 60, antes da vacina, caxumba era comum. Vi muitos casos se complicarem com pancreatite (dor abdominal, vômitos), encefalite (febre, dor de cabeça), inflamação testicular e outros problemas. A vacina tríplice faz parte de programa nacional gratuito e nossa população tem procurado a vacina tríplice viral. Em alguns países, grupos anti-vacina dizem que elas são uma forma de ganhar dinheiro e outras inverdades. Não é mentira que a própria vacina da caxumba (contendo vírus atenuado) pode causar sintomas mas a frequência é muito menor do que ocorre com a doença selvagem. No Reino Unido, uma fraude, hoje bem esclarecida, apontava a vacina contra sarampo como causa de autismo. Era uma fantasia bem montada. A população ficou temerosa das vacinas em geral e reduziu a cobertura vacinal; em consequência, voltaram com força infecções que pareciam extintas. Foi necessário um caríssimo programa de esclarecimento para reverter a situação.


sábado, 18 de julho de 2015

Sarampo ainda mata, vacine-se




Sarampo está voltando e mata pessoas. Surtos importantes ocorreram recentemente em Pernambuco e Ceará. Antes de viajar para qualquer lugar, verifique se já tomou 2 doses da vacina. Há poucos dias, nos Estados Unidos, uma senhora faleceu devido ao vírus. Como ela tinha outras doenças, os médicos tiveram dificuldades na identificação da causa do seu agravamento e não fizeram diagnóstico de sarampo em vida. Grupos radicais e mal informados contra a vacina, ao lado de uma legislação que permite recusa a vacina baseada em crenças pessoais são as causas da recente epidemia naquele país. A internet tem facilitado a difusão de conceitos equivocados, com aparência de conteúdo científico, por exemplo, “as vacinas contém mercúrio como conservante e este é o pior veneno que existe” ou “a vacina causa autismo”. A liberdade para as pessoas não se vacinarem com base em crenças pessoais pode parecer apenas o respeito a um direito individual. Este respeito pode gerar conflitos com o bem estar da população. Na verdade, existem contra-indicações médicas a algumas vacinas. Se um indivíduo é imunodeprimido (faz quimioterapia, tem HIV, idade avançada, etc)  pode ser arriscado o uso de certas vacinas compostas de agentes vivos. Ele ficará protegido se houver uma boa cobertura vacinal entre as pessoas que não tem distúrbios imunitários e nos quais a vacinação praticamente não envolve riscos. Todas as vacinas aprovadas são seguras para quase 100% das pessoas e as reações são geralmente pequenas e sem importância. Então, não marque bobeira, vacine-se pois vale a pena, os postos o atendem sem custo.